domingo, 8 de novembro de 2009



As dores, os amores, já fazem parte da autobiografia da minha insensibilidade. Eu me sinto acompanhada com a solidão que hora ou outra sempre acaba por vir como quem retorna a casa de um amigo.

Deixei de sentir pena de mim mesma por não ter alguém e passei a ter pena de alguém por não ter a mim, ou vai ver esse alguém tem sorte... o fato é que na minha vida tudo parece ser mais temporário do que na vida dos outros.

Os prazeres e desamores me rondam com a mesma freqüência que a morte ronda um doente em fase terminal, me olham e me desafiam como tal. Já fui chamada de jogadora e na época não sei ao certo o que respondi, nem se fui muito sincera no que afirmei, hoje com plena certeza eu gosto dos jogos. Estamos todos aqui pra machucar e sermos machucados, mesmo quando você acha que achou um fio te esperança o tal fio te mostra que você está sendo ridiculamente estúpido por pensar que mais alguém pensa igual.

sozinha em seu quarto ela sorria se sentindo segura e satisfeita, ela parecia se refugiar mesmo sem querer acreditar, os seus medos sempre estão certos. Ela tem uma coleção de temores que tendem a sempre te lembrar de como seu coração foi jogado para longe e despedaço aos milhares, fechando os olhos e sentindo seu coração bater ela mal acredita que ele ainda o está.

Olhando um copo com cubos de gelo ela se compara livremente aqueles pedaços concretos e gelados de algo que já foi liquido e de simples manuseio.

Ela se lembra implorando por amores desmerecidos, se lembra chorando pelos cantos pedindo socorro passando noites acordadas sem poder dormir, sentindo aquele buraco metafórico tão real doendo bem no meio do seu peito, tirando toda atenção dos seus outros órgão primordiais como se só fosse ela, seu coração, e aquele buraco gigantesco a sugando para o abismo. Ela se volta para si tentando ver quando foi que ela parou de sentir quaisquer que fossem os sentimentos, como ela pôde se tornar alguém tão livre de si.

Ser uma ilusão, dar as pessoas os que elas querem, dizer o que as faz sorrir, e depois finalmente ir. Soa tão errado quando punhais em veias arteriais.

Bebendo a sua décima taça de vinho, tentando se convencer de que não é dona das situações ela só lembra que frieza te trouxe alegria, a sua velha companhia solidão amiga. Então olhando para ela mesma de novo se pergunta que diabos estava fazendo quando pensou que poderia ser diferente, que estranho lhe trouxe a ilusão de que uma vez valeria a pena não se comparar a um cubo de gelo.

ela ri, enchendo sua décima primeira taça generosa e diz olá novamente aquela fria sensação que a faz sentir-se em paz de novo, como quem volta ao seu estado normal e absolutamente seguro.


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